terça-feira, 18 de agosto de 2009

O que a Google e as ONGs tem em comum?

Estava procurando um vídeo sobre criatividade e inovação para postar no blog. Achei esse da Harvard Business Publishing com o professor Vijay Govindarajan, da TUK School of Business(Dartmouth). O vídeo é interessante e serve muito para organizações do terceiro setor. Confiram! (não legendado)




Para começar, ele cita duas coisas que os CEOs precisam fazer para promover a inovação. A primeira é a pessoa reconhecer que o mundo está em transformação e inovar em função dessa mudança, isto é, identificar o que está em transformação ao redor delas, como: consumidores, tecnologias, competição e se adaptar a essas transformações. A segunda é entender que inovação é menos uma questão de técnica e mais uma questão de cultura organizacional, ou seja, como a organização pensa e como pode promover a mudança de cultura/pensamento na organização.

Uma das formas de modificar essa cultura organizacional é exatamente "injetar" sangue novo na empresa. Isso permite que novas vozes se incorporem a organização e tragam novas ideias, mas o professor lembra que, para isso, é preciso coragem também. Posteriormente, ele lembra o que é preciso para que possa ser minimizado a resistência a inovação.

1) A forma como é medido a performance e bonificação dos funcionários. Para ele, se você quer que os funcionários se comportem de maneira diferente, a forma como você mede a performance deles e como você os premia tem que ser mudada.
2) Colaboração. Nesse sentido é importante que as pessoas colaborem umas com as outras no sentido de promoverem a troca de ideias.
3) Tolerância ao fracasso. Inovação, por definição, é um processo de criação de algo novo e que não foi usado antes. Portanto, há risco dessa inovação não dar certo.

Gostaria de colocar alguns princípios da Google que são perfeitamente adaptáveis organizações do terceiro setor. (tirada do site Criatividade e Inovação)
  • Ideias veem de toda parte
    A Google espera que todos tenham ideias: executivos, gerentes, empregados e usuários. A empresa mantém um fórum interno permanente e encoraja os empregados a publicar novas ideias e submetê-las aos seus colegas para análise e melhoria. As melhores ideias são votadas e sobem para o topo da lista. Os comentários dos colegas levam a novas e melhores ideias. ( As organizações do terceiro setor também podem incentivar a sugestão de ideias de seus funcionários, utilizando processos semelhantes. Se não houver necessidade de abrir um fórum para isso, pode-se incentivar isso com reuniões para coletar novas ideias dos seus funcionários. É uma questão apenas de organização )
  • Compartilhe informações o máximo que puder
    Através da intranet, os empregados são informados do que está acontecendo com os negócios e o que é importante. Além disso, todos os empregados informam por e-mail o que fizeram na semana anterior. Estas informações vão para uma página na intranet. Assim qualquer um tem acesso a quem está trabalhando em que, evitando duplicidades. ( Acho que esse processo serve da mesma forma para ONGs e empresas.)
  • O foco é nos clientes, não no dinheiro
    A Google acredita que se concentrar nos clientes o dinheiro entra naturalmente. Se trabalhar em produtos que os usuários necessitam, eles pagarão por eles. (Essa ideia é importante, pois o foco é na qualidade do trabalho oferecido. Para as ONGs, acredito que esse seja uma ideia fundamental para manterem o nível de produtos e serviços. Não há uma maneira única de se trabalhar a qualidade, mas o principal é manter o foco na eficiência e eficácia do trabalho. O recurso virá com o tempo)
  • Criatividade ama restrições
    As pessoas pensam sobre a criatividade como uma coisa sem freios, mas a engenhosidade floresce em situações de restrições. (Para as ONGs. imagina que uma determinada organização não pode ser apoiada por uma tal empresa, pois a linha de financiamento da empresa é diferente da temática da ONG. Isso pode ser encarado como uma restrição. Nesse caso, a tentativa é cruzar essas temáticas e desenvolver um projeto diferente.)

Bom, acho que as ONGs e Google tem bastante coisa em comum. São processos relativamente simples, mas que dependem exclusivamente da cultura da organização e da maneira como ela lida com a questão da ciratividade e inovação. Percebam que certos processos podem ser implementados nas ONGs e que não estão restritos a um determinado setor. Portanto, acredito que essas pequenas práticas podem ser introduzidas nas organizações do terceiro setor brasileiro. Criem e inovem em suas ONGs

Programa de voluntariado pode ser rentável

Achei muito interessante essa reportagem falando sobre a Earthwatch Institute (www.earthwatch.org) e a forma como eles trabalham com voluntários.

As pessoas da organização acreditam que a ciência por si só não é capaz de resolver os problemas ambientais do mundo. Por isso, além de captarem recursos para manter pesquisas ambientais, eles organizam expedições com voluntários para trabalharem lado a lado com cientistas.

A cada ano, aproximadamente 4000 voluntários ajudam a rastrear leões na savana do Kênia, escavar ossos de mamutes e monitorar a saúde de corais e recifes. "Isso causa a eles uma reflexão sobre a forma como eles vivem as próprias vidas e como eles podem mais pela sustentabilidade. " diz James Fry, director international de programas de voluntários da Earthwatch. Depois de voltar para casa, ele diz, a maioria dos voluntários compartilham suas experiências com amigos e famílias, engajam-se em programas de meio ambiente, e , em alguns casos, captam recursos para os projetos em que trabalharam.

A reportagem também fala que anualmente a organização recebe cerca de 6 milhões de dólares desse programa de voluntariado. Basicamente, o voluntário paga para participar dessas pesquisas e trabalhos.

No Brasil, cobrar do voluntário nunca foi uma opção. A expressão "Pagar para trabalhar?" é comum de ser ouvida, quando há algum custo para o voluntário na execução de uma determinada atividade. Mas acredito que há formas e formas de se trabalhar com voluntários e esse programa mostra como isso é possível de maneira rentável.

Pode-se encarar o programa como um curso, onde o voluntário paga um valor para adquirir conhecimento na prática. Acredito que o sucesso desse programa está na experiência que é proporcionada ao voluntário e nas possibilidade que se abrem para ele após o programa. Pode-se dizer que ONG "vende" conhecimento e possibilidades, onde o voluntário é o seu principar comprador .

A chave fundamental para a rentabilidade do programa é oferecer um produto ( conhecimento e prática) de qualidade aos voluntários. Portanto, aí vai uma forma criativa e rentável de trabalhar com voluntários. Chega de trabalho voluntário sem graça.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Pirulito contra a desordem urbana

Pessoas, esse é o site dessa notícia bem interessante: http://www.dailymail.co.uk/news/article-360431/Lollipop-police-crack-drunken-yobs.html . Apesar de antiga, resolvi postar sobre ela pela inovação e criatividade. Em 2005, a polícia combateu a desordem causada por pessoas alcoolizadas na cidade de Evesham, região central da Inglaterra. Acontece que a polícia utilizou pirulitos para isso. A ideia que está por trás da iniciativa é a de que as pessoas que ingeriram álcool, com o pirulito e o açúcar proveniente dele, diminuem a probabilidade dessas pessoas terem um comportamento violento.

Apesar de não ser usual, essa iniciativa, segundo a reportagem, já foi realizada em Worcestershire e em Nottingham, o que demonstra alguma eficácia. Se a iniciativa tem um cunho acadêmico ou não, eu não sei, mas ela é bem interessante. Além disso, demonstra o interesse em combater a desordem sem uso da violência e agressividade.
O importante dessa iniciativa não é o uso ou não do pirulito, mas a forma com se aborda o problema da violência e se pensa em intervenção social. Longe de ser uma política para evitar a guerra em alguns países, esse projeto evidencia uma percepção singular da sociedade.A forma como se olha para a sociedade é que me parece inovadora e o mais importante. Com essa abordagem, pode-se achar outras formas de intervir contra a violência, seja usando pirulito ou não.
O que está garantido é a busca por uma maneira de intervenção que não seja ortodoxa e violenta, mas que seja diferente, pacífica e eficaz. Penso que esse é um exemplo do qual precisamos para procurar uma abordagem diferente de intervinção social. Que essa iniciativa, por mais duvidosa que possa parecer, pelo menos sirva de exemplo sobre novas idéias para trabalhar antigos problemas.

Na Venezuela, música transforma a vida

Pessoal, eu estava vendo alguns vídeos no TED.com e me chamou a atenção esse vídeo. Ele é inspirador e demonstra a paixão de José Abreu pela música. Mais ainda, ele demonstra como a música pode ser usada como elemento de transformação social. Vejam o vídeo desse homem que ganhou o prêmio TED.




Inspirador, não? Ao ver esse vídeo, vemos muita coragem e determinação. Mais do que um projeto social, vejo como esse é um projeto carismático liderado pela mão de um homem apaixonado pela música. Penso que deveríamos ter mais projetos assim no Brasil. Quem quiser uma ideia para projeto social ou se inspirar, fica essa dica e a imagem desse homem.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

$$$ Doações Online - uma estratégia simples $$$

Para a captação de recursos de pessoas físicas, as doações online são muito difundidas nos Estados Unidos e Europa. A ideia da captação online é permitir que qualquer pessoa, quando olhar o website da organização ou projeto e quiser fazer uma doação, possa fazê-lo imediatamente. Entretanto, no Brasil, as estratégias de captação de recursos oriundos de pessoas físicas são bastante limitadas.

Na maioria dos casos, quando há um site nacional com o link DOAÇÕES ONLINE e você clica nele, o que acontece é o site ser redirecionado para uma página com o boleto bancário. Com esse boleto, há possibilidade de imprimí-lo e pagá-lo no banco da organização ou utilizar os números de identificação do boleto, para realizar o pagamento através do atendimento online do seu banco. Entretanto, esse processo pode ser difícil para aqueles que não acessam o banco pela internet ou para aqueles que se esquecem de levar o boleto na hora de irem ao banco.

Uma outra opção é utilizar a doação online propriamente dita. Essa forma de doação é feita através da internet, sem necessidade de boleto e diretamente pelo site da organização. Portanto, acho que doação online é mais fácil do que o uso do boleto.

Para entendermos essa facilidade, devemos entender primeiro que uma doação online para uma organização e a compra, pela Internet, de um livro em uma loja virtual, por exemplo, são processos muito parecidos. Ao invés de clicar e comprar um livro, o doador apenas clica no valor da doação.

Vamos ao exemplo: uma organização não governamental quer captar recursos com doações online. A diretoria resolveu que quer aceitar, por exemplo, apenas um cartão de crédito para viabilizar a doação. O gerente do seu banco deverá solicitar à operadora do cartão uma ficha de cadastramento para ser preenchida por você. Entretanto, esse cadastro não permite nenhuma transação.

Provavelmente, a operadora solicitará alguns documentos para se certificar da existência da organização, legalidade e tal... Depois que essa parte for resolvida, você deverá receber algumas direções para configurar o seu site e colocá-lo apto a receber pagamentos e os valores especificados. ( essa parte deverá ser consultada com a área de informática ou desenvolvedor).

Para as operadoras, existe diferença entre doação e compra/pagamento? Quando eu fiz o cadastro de uma organização na operadora VISANET, não havia diferença. Mesmo assim, é importante alertá-los de que não se trata de um pagamento/compra online, mas sim de uma doação. Tecnicamente, para a operadora, a doação é igual a um pagamento, mas o comprador, que nesse caso é um doador, não recebe "produto" nenhum. Tanto é que, no caso da VISANET, o cadastro não tinha a opção doações . Tudo entrava, nesse caso, como pagamento online/compra online. Havia também opções para débito, crédito, parcelamento.

Esse foi um caso simples. Mas há outras formas para se fazer isso e não dependem de operadores de cartão, como: paypal e worldpay. Sugiro uma investigação desses serviços antes de prosseguir e não cair em uma roubada. Qualquer forma que você utilize para vender ou receber doações é passível de cobrança de taxa de serviço, seja mensal ou uma porcentagem do valor da transação. ( Por exemplo, na época, a Visanet não tinha custo fixo para e-commerce( pagamentos online) e cobrava apenas 1,5% do valor transacionado, mas essa porcentagem variava dependendo de alguns outros fatores)

Há também um serviço do UOL para isso chamado pagseguro. A ideia é realizar pagamentos online e serve também para doações, mas há um cobrança fixa mensal pelo serviço. Entretanto, uma das vantagens é aceitar todos os cartões: amex, visa, master e etc...

Avalie os custos do serviço e compare valor e volume das doações que a organização tem recebido. Se ela tem recebido valores baixos e doações esporádicas, talvez seja melhor utilizar um serviço que cobre uma baixa porcentagem sobre o valor doado, pois assim você não terá um alto custo para a manutenção do serviço e atenderá perfeitamente à oferta de doações. Caso ela receba constantemente muitas doações, pode ser interessante pagar uma taxa mais elevada para a manutenção, assim as doações podem cobrir os custos mensais com o serviço e há mais opções de cartões para os doadores. Leve esses pontos em consideração antes de assinar um contrato para utilizar esse serviço. Se houver dúvida, entre em contato pelo e-mail fernandorjcs@hotmail.com .

Bodes e galinhas captam recursos para OXFAM

A Oxfam (http://www.oxfam.org.uk/) é uma organização iniciada na Inglaterra em 1942. Hoje em dia, ela está localizada em mais de 10 países do mundo e atua em todos os continentes. Para captar recursos, ela desenvolveu uma campanha muito interessante chamada OXFAM UNWRAPPED que incentiva a compra de presentes nada usuais, como : galinhas, cabras e jumentos que serão usados em projetos que a Oxfam apóia. Como funciona? A pessoa compra, por exemplo, um bode e ele será um presente entregue em um projeto que necessite de bodes para geração de renda. Entretanto, não há como rastrear onde o seu bode está. Essa informação é muito importante, pois eu soube que uma mulher queria ir atrás do bode e saber exatamente onde ele estava. Há diversos materiais e ítens que também podem ser comprados e enviados para os projetos, como: tanque para água, sementes, livros, barracas de acampamento e etc...



Eu resolvi falar sobre essa iniciativa porque achei extremamente criativa. Ao invés de fazer a doação de um valor qualquer, o doador pode optar por comprar um item ou animal que será utilizado em projetos sociais. Quantas vezes você já comprou um bode ou uma galinha? Fora ser um presente original, quem compra esses presentes recebe um cartão da Oxfam dizendo para onde o seu presente irá. Me lembro que dei um bode para a minha tia e ela recebeu um cartão da Oxfam falando que o presente havia sido entregue no Sudão com o nome e nacionalidade dela. Ela adorou o presente e achou super original.

Fica ai um incentivo para trabalharmos a criatividade na captação de recursos e fazermos doações mais divertidas e alegres.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Educação e Criatividade - Kitchen Table

Esse vídeo é muito interessante. Ken Robinson (http://www.sirkenrobinson.com/) é um reconhecido professor que trabalha para governos nos EUA, Europe e Asia, com os temas: criatividade e educação. Autor de The Element: How finding your passion changes everything, para ele, o atual modelo escolar constrange a criatividade dos alunos. Na verdade, a forma de aprendizagem é mais ou menos igual no ocidente, isso produz uma padronização do conhecimento e sufoca a criatividade e outras formas de aprender. Com a diminuição da criatividade e inibição de diferentes formas de educação, esse modelo não promove as diferenças entre os alunos, que vão buscar se diferenciar nos cursos de mestrado e doutorado. Isso é o que ele chama de inflação da educação. Vale a pena conferir.. (não legendado)



Interessante a reflexão dele, não? Para mim, é essa criatividade que permite a relação de ideias, conceitos e valores, fundamental para o desenvolvimento de novos padrões de comportamento e concepções sociais. Além disso, acredito que pessoas criativas incentivam a criatividade em outras pessoas, o que promove o surgimento de ideias inovadoras.

No campo social, acredito que a criatividade deva ser a essência dos projetos. Ela permite que projetos sociais sejam elaborados com base nas múltiplas dimensões da vida social do beneficiado. Para mim, um grande exemplo de projeto criativo é o The Kitchen Table, um projeto idealizado pelo holandês Jens Van Trich, que visa discutir temas de gênero ( violência doméstica, lei da paternidade e etc ) dentro de uma cozinha, um local tipicamente feminino. O grande mérito do projeto é levar homens para discutir temas relacionados a homens em um espaço reconhecido como sendo da mulher. Jens acredita que assim a discussão se torna mais leve, descontraída e convidativa, facilitando o ingresso de novos homens em um movimento para promover a igualdade de gênero.

Esse é um bom exemplo de criatividade aplicada em projetos sociais. Pode-se ver que, nesse projeto, não há nada de novo que não existisse antes, mas Jens apenas passou a debater problemas de homens em locais femininos. Isso foi só para citar um exemplo, mas mostrarei futuramente outros projetos onde a criatividade está presente.